O Super Bowl, um dos maiores eventos publicitários do mundo, trouxe 59 marcas que pagaram em média US$ 7 milhões por inserção. Este ano, as mensagens se mantiveram seguras, mas Kendrick Lamar surpreendeu com uma performance impactante.
Vamos bater um papo sobre o que entendemos ser o grande momento da propaganda mundial: o Super Bowl. Na sua 59ª edição, foram 59 marcas, cada uma pagando em média US$ 7 milhões por inserção para impactar 127,7 milhões de pessoas, contando TV e streaming. Isso se consideramos somente o dia da final, mas sabemos que também existe todo um esforço antes e depois do jogo. Uma oportunidade única para cada uma dessas 59 marcas, e a conclusão mais comum foi a de que fora do campo a principal tática foi jogar de forma segura, usando a fórmula já testada e aprovada: grandes celebridades, humor, temas leves e deixando qualquer grande tema político-social de fora. Se o Super Bowl for dar o tom do mercado em 2025, navegaremos em águas mornas.
No ranking dos cinco melhores anúncios, de acordo com o AdMeter do USA Today: Budweiser com seus clássicos Clydesdales, Lay’s tocando corações com as famílias que cultivam suas batatas, Michelob Ultra com seu humor leve, mostrando que não deveríamos duvidar de seus jogadores senior; Stella Artois e a descoberta de que David Beckham tem um irmão gêmeo americano, que parece o Matt Damon, e a NFL mostrando que toda criança é alguém que importa.
Aparentemente deu tudo certo, ninguém se expôs nas redes sociais e, pelo que pude analisar, só um comercial gerou uma certa polarização de conversas, a campanha da He Gets Us sobre Jesus Cristo, e a crítica questionou se todo esse dinheiro poderia ter sido melhor investido. Curioso só cobrarem isso de Jesus Cristo, mas dá para entender. No atual ambiente político dos Estados Unidos, somado aos movimentos de políticas anti-diversidade que estamos vendo pelo mundo, podemos dizer que esse era o cenário esperado.
O contraponto foi o show do Kendrick Lamar no tão esperado intervalo do jogo. Se de um lado as marcas colocaram o pé no freio, Kendrick acelerou sem olhar para trás. Ele mostrou que tem consistência, clareza do seu ponto de vista e não tem receio de expressá-lo em uma das maiores oportunidades a que teve acesso.
Kendrick Lamar foi o primeiro rapper solo a ser atração principal do Super Bowl, e nos entregou um desempenho como nunca visto antes. Em sua performance, ele trouxe uma série de simbolismos que ainda reverberam nas discussões sobre sua mensagem e seu impacto no público. Com uma narrativa potente, ele criticou um sistema que frequentemente marginaliza pessoas negras, proferindo frases como “A revolução está prestes a ser televisionada”.
Diante de tanta expectativa, a performance de Kendrick trouxe um respiro criativo num evento marcado por uma abordagem conservadora das marcas. O rapper nos lembrou que a verdadeira comunicação é capaz de desafiar e impactar, fazendo jus à sua notoriedade e ao seu talento.