Os impactos políticos das medidas adotadas por Donald Trump na presidência dos Estados Unidos em relação à inteligência artificial foram discutidos no Mobile World Congress, com a preocupação sobre como seus decretos poderiam moldar o futuro da tecnologia.
Os impactos políticos das medidas adotadas pelo segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos em relação à inteligência artificial (IA) foi um dos tópicos debatidos no Mobile World Congress (MWC) nesta terça-feira, 4. Desde que voltou à Casa Branca no mês passado, o republicano revogou decretos do antecessor, Joe Biden, e assumiu uma postura menos colaborativa nessa corrida tecnológica, com o intuito de tornar os EUA “a capital mundial da IA”.
Marcos Somol, cofundador e CEO da norte-americana Hyacinth AI, destacou que a administração de Trump está focada em “dinheiro e poder”, demonstrando que, pelo menos inicialmente, as big techs serão os principais beneficiados. Contudo, empresas menores também devem conseguir colher benefícios no longo prazo. “A inovação em IA beneficiará não apenas empresas como a minha, mas qualquer companhia que queira implementar IA”, afirmou.
Além disso, há preocupações sobre os efeitos da revogação das salvaguardas que foram priorizadas por Biden. Mallory Knodel, diretora executiva da Social Web Foundation, ressaltou a importância de padrões de conformidade para a proteção de dados, afirmando que o que realmente importa é a atenção aos detalhes e a abordagem bem planejada.
Do outro lado do Atlântico, o anúncio do Stargate, iniciativa que prevê injetar US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA nos próximos quatro anos, reforça os planos de Trump de consolidar os EUA como a maior potência tecnológica. José Torreblanca, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, acredita que a União Europeia ainda pode se recuperar se for inteligente o suficiente em sua aplicação de tecnologias digitais, destacando que a região abriga grandes empresas em diversos setores.
Enquanto isso, os EUA distanciam-se de regulamentações mais rigorosas, ao contrário da UE, que revisa suas normas com o intuito de simplificá-las. A União Europeia AI Act pode estabelecer um padrão global para uma IA segura e sustentável, algo que os políticos americanos parecem estar ignorando ao não assinar a Declaração da Cúpula de Paris, que contou com o apoio de 58 países.
Como conclui Mallory, sem incentivos alinhados e regras que obriguem a colaboração, o futuro da governança da IA pode resultar em uma fragmentação onde cada empresa ou país tenta manter sua vantagem competitiva, potencialmente prejudicando a interoperabilidade. Assim, existe um chamado para encontrar um equilíbrio entre inovação e segurança na aplicação da IA.